Bô apetite! É assim que somos recebidos neste espaço em Matosinhos. O Bô 457 faz-nos viajar até Trás-os-Montes em toda a sua carta: seja pelo fumeiro e queijos, seja pela carne, certificada de Vinhais. Mesmo ali perto do mar e em sítio de peixe, esta brasaria tem marcado o seu lugar. E, digo-vos, aqui come-se a sério.
O espaço abriu pelas mãos de um casal – o Fábio e a Vera – com formações académicas alheias à restauração, sendo que a intenção era precisamente deixar a marca do mundo gastronómico transmontano por Matosinhos. O espaço está soberbamente bem decorado: segue uma linha original, prática e industrial, com objectos vintage aqui e acolá a darem o ar da sua graça no restaurante. A sua fachada é em vidro, pelo que a luz recebida torna os almoços uma experiência mais agradável. O facto de ser um restaurante amplo torna- se uma boa opção para quem pretende realizar jantares de grupo.
Num dia de sol abrasador e em hora de almoço, começamos por uma refrescante sangria de vinho rosé, mas as opções extendiam-se às sangrias de espumante ou à tradicional de vinho tinto. As entradas vieram numa tábua de fumeiro e queijos artesanais DOP, acompanhados por uma deliciosa pasta de azeitona e compota de abóbora de Carrazeda de Ansiães. E que belo começo! A qualidade dos produtos tornou promissora toda a refeição.
Confesso que quase todas as minhas expectativas estavam na qualidade da carne, influências dos meus avós que sempre me “educaram” de forma exigente no que toca à escolha das carnes e à sua confecção. Então, para prato principal, foi-nos sugerida a bisteca transmontana com pimentos recheados de queijo e salsa, acompanhados de batatas assadas no forno. Ao cortarmos o pedaço servido, vimos logo pela sua cor que estava cozinhada no ponto. E ao provar só superei as expectativas que me levaram até ao Bô: a carne era tenra e denotava-se a sua qualidade tipicamente transmontana. Os pimentos recheados são um completo estupendo neste prato e a junção harmoniosa de sabores não passa despercebida: o picante, o salgado e o doce transpõem-nos para outra dimensão. Ainda provamos a batata doce frita, também deliciosa, mas mais adequada para comer nas entradas ou como petisco.
E quando achávamos nós que o nosso estômago já estava bem preenchido, chegamos à altura da sobremesa. Na carta, podem optar por exemplo pelo doce da casa, por queijo de ovelha artesanal ou até experimentar o gelado artesanal de queijo da Serra da Estrela DOP acompanhado de doce de abóbora. Mais uma vez por sugestão do staff, provamos a novidade do momento, o crumble de maçã acompanhado de gelado de baunilha. Uma junção de quente/frio bem confeccionada, tinha a dose certa de doce e foi o final esperado para esta excelente refeição.
Para quem espera comer algo mais portuense no Bô, as francesinhas estão incluídas na carta da casa e – ouvi eu dizer – são de comer e chorar por mais, sendo que já fazem parte do top de muitos apreciadores. Mas aconselho-vos a seguir as sugestões do staff, muito atencioso e sempre atento aos nossos gostos e necessidades.
Uma das minhas inquietações foi também conseguir fazer uma refeição sem glúten. Se é possível aqui? É. Basta ignorar a existência do pão à mesa para os intolerantes, que o resto da refeição é rica em produtos da terra e da natureza, isentos de glúten.