Entro e sorrio. É impossível não o fazer quando se entra na Casa de Pasto das Carvalheiras. Bem no centro de Braga, este espaço cativa pela sua falta de simetria fruto de um mobiliário variado e loiças de cores arrojadas, fazendo-me pensar que, quando for grande, quero ter uma casa decorada assim. A simpatia, a descontração e a informalidade com que nos recebem, fazem-nos sentir em casa. E como um pequeno mimo, sentando-nos mesmo à frente da cozinha aberta, podemos ver todas as obras que são criadas pelos artistas de bata padronizada, abotoada até cima.
O menu que nos é trazido é isso mesmo, uma obra, uma bem arriscada e onde reina a originalidade. Arriscada porque, ao contrário de várias casas, esta refresca mensalmente ao sua carta como pratinhos novos cheios de sabor. A originalidade está presente em todos os dúzia e meia de pratinhos onde as combinações improváveis de sabores dançam maravilhosamente bem nas papilas gustativas de quem os prova.
Dos pratinhos clássicos como os queques de alheira e grelos, com um sabor fumado que mistura tão bem com molho agridoce, ou os rolos de frango envoltos numa massa bem crocante para mergulhar num molho de manga bem refrescante.
Até aos pratinhos com sabores mais tradicionais como o de vitela e cogumelos, bem confortáveis em cima de uma sedosa cama de creme de batata e cobertos com uns lençóis de parmesão crocante, ou o bacalhau dourado, onde para nossa delícia somos incentivados a misturar um bacalhau cozido tão lentamente que parece fresco, com uma rica gema de ovo, batatas bem estaladiças e azeitonas secas.
Obviamente, não esquecendo os pratinhos doces como o gelado de queijo de cabra com compota de abóbora, ou o PAC, que é como quem diz uma sobremesa de pipoca, amendoim e caramelo que parece ter sido misturado por anjos.
Para a satisfação de todos, felizmente, a palavra “monotonia” claramente não existe no dicionário destes chefes.