Haverá comida mais portuguesa que aquela cozinhada no berço da nação? Bem, essa pergunta tem pano para mangas, mas uma coisa é certa, quem vier ao ChelLo’s em Guimarães não sairá decepcionado.
Por caminhos em paralelo nas colinas que sobem da cidade berço viemos ter ao lote 26 da Rua do Bom Viver. O paralelo ergue-se do chão e a pedra estende-se para forrar as paredes deste espaço moderno. No rés-do-chão a luz quente dos candeeiros combina-se com aquela que se difunde da lareira, cobrindo a sala com um cobertor de uma fina luz alaranjada. No piso de cima, o clima clareia para melhor se ver a vista panorâmica sobre a cidade ao som da música ambiente.
Cláudio Loureiro, a simpática e experiente cara desta casa, não poupa nas homenagens, começando logo pelo nome, ChelLo’s, em homenagem à sua mãe, continuando até à cozinha onde eleva a gastronomia portuguesa a um outro patamar, não só no sabor mas também na forma como a apresenta aos seus clientes. Porque os olhos também comem, deliciámo-nos com as obras (gastro)arquitectónicas que nos apresentou.
Começamos a nossa refeição com um clássico elevado a outro nível: uns irresistíveis pãezinhos quentes com manteiga de 3 ervas e pesto de azeitonas verdes. De seguida, 3 maravilhosas entradas, uma suave alheira de Vinhais em migas de grelos e ovo de codorniz, um forte queijo de cabra gratinado contrabalançado com uma doce maçã glaceada em redução de vinho do Porto e um aconchegante vol-au-vent de aves com um rico e quente molho de cogumelos. Tudo isto com um fantástico espumante bruto Paço do Duque, servido silenciosamente, libertando um ameno aroma floral.
Para o prato principal partilhámos um aventura entre o campo e o mar. Começamos com um respeitoso tornedó de novilho braseado em ervas frescas, descansado em cama de legumes salteados e com mousse de queijo da serra, molho de frutos vermelhos e batata belga. Seguidamente um fantástico e suculento lombo de bacalhau confitado em azeite extra virgem servido com húmus de feijão preto e grelos.
Finalizámos a nossa refeição com duas perdições doces, o rico bolo de chocolate tépido da casa com um refrescante gelado de avelã e fofo de manga e uma combinação de texturas servidas em forma de cheesecake de chocolate branco e um molho ácido de frutos vermelhos.
Se ainda assim não ficou convencido, talvez isto o faça: desde novembro de 2015, o ChelLo’s encontra-se referenciado no prestigiado Guia Michelin com 2 garfos, que medalha o “Bom Nível” do restaurante. Uma distinção, em nosso ver, mais que merecida e que homenageia o fantástico trabalho que se faz com a gastronomia nortenha.